segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ultimo dia em Jerusalem

Mais um dia, o último nestas andanças. Hoje foi um pouco mais tarde, cerca das 6h45 da manhã fui para o ponto de encontro acordado com a Maya Baily. Eram 7h05, quando um mitsubishi carrinha parou perto de mim. Perguntaram se era eu, e após confirmação, entrei no carro. Lá dentro encontravam-se A Maya Baily e a Rina R.. Feitas as apresentações, perguntaram-me onde já tinha estado, disse-lhes os sítios em que tinha ido. Disseram numa forma muito rápida o itinerário, para essa manhã: Abu Dis e arredores.
Seguiram-se as perguntas do costume, o que eu tinha vindo a fazer aqui. Depois de explicar, pela 6 vez a “história da minha vida”. Perguntaram-me como funcionava a plataforma. Expliquei mais uma vez o funcionamento da plataforma, salientando os benefícios que ela apresenta, mas também realçando que agora que estava a ter um conhecimento mais profundo da organização, das suas acções e necessidades, que o actual sistema só poderia ser considerado completo com o acoplamento de mais dois módulos, um de vós e outro de sms. Conclusões que tinha chegado após as conversas com os membros anteriores, com Yehudit e também pela minha observação no campo. Começaram por me dizer, que já estavam velhas para essas andanças, isso era para os novos, não para elas. Maya começou por explicar que tinha comprado à pouco tempo um telemóvel e nem sequer sabia funcionar com ele, como poderia ouvir as mensagens de voz, etc. Quando mais ter que aprender a trabalhar com uma aplicação nova. Ofereci-me para lhe explicar o funcionamento do telemóvel, enquanto seguíamos caminho, eu ia estudando o telemóvel. A viagem foi longa, por isso fomos conversando sobre o que se passa nos postos de controlo segundo a experiência delas. Elas, têm a mesma opinião do que todos os outros membros até este momento que contactaram comigo. A maioria dos problemas é causada pelos militares. O desrespeito que eles têm pelas pessoas provoca a que haja ódio (isso posso confirmar, que assisti a muita falta de respeito e até humilhação provocada pelos militares.).
Chegámos eram perto das 08h00, estávamos nos arredores de Jerusalem, no posto de controlo de Sheih Sa’ed. Explicaram-me que era um bairro que estava partido ao meio, por um muro e um posto de controlo. As crianças e adolescentes tinham que passar pelo posto de controlo para irem para a escola que estava do outro lado. Só havia um posto médico e, quem estivesse doente ou obtinha os vistos para passar ou tinha que ir da a volta para passar por outro posto de controlo que ficava a muitos quilómetros de distância, Adu Dis.
Rinna, entretanto foi falar com um soldado. Após algum tempo disse-me que aquele soldado ainda não estava “convertido ao sistema”, porque era o seu primeiro dia num posto de controlo, por isso era bastante simpático e delicado. Disse-me que isso desaparece pouco tempo depois, porque eles parecem que levam uma “espécie lavagem ao cérebro” de tal forma que não vêm os palestinianos como pessoas, para eles se eles sofrem ou não é indiferente, e para muitos, quando mais sofrem melhor (incompreensível e triste de verificar que é a pura realidade do que se passa.)
Ia-mos a caminho carro quando reparámos num homem sentado no lado da estrada, com duas sacas que tinham alguma coisa lá dentro. Após falarem com ele, soube que nas sacas estavam azeitonas, cerca de 45 kg, que era a quantidade permitida para entrar no posto de controlo, para quem tem Visas de permissão de passagem. O que acontecia é que a mulher dele tinha visa de permissão e ele não, viviam na mesma casa, mas um tinha outro não, logo ele não podia entrar com as azeitonas. Tinha que esperar pela mulher ou por alguém que tivesse o visto de permissão e as levasse pelo posto de controlo e apesar disso naquele momento mesmo quem tivesse o visa, os militares não deixavam entrar. Maya foi falar como o soldado mais graduado do posto, para saber porque não estavam a autorizar a entrada das azeitonas, visto que o decreto falava que até cerca de 45 kg era autorizado. Voltou algum tempo depois, e disse-me que o soldado lhe tinha dito que naquele momento não tinham autorização para entrar, na semana passada tinham, mas não agora. Maya e Rinna telefonaram para diversas pessoas a pedir justificações, entretanto passados algum tempo, chegou um carro, e o homen colocou lá as sacas com as azeitonas, para onde foram não chegámos a saber. Poderão ter ido por outro posto de controlo.
Visto não haver mais nada a resolver no local, decidimos ir para outro local mas antes explicaram-me a diferença que havia ali, dum lado (lado israelita) tinham locais para por o lixo e teoricamente (digo teoricamente, porque aquilo estava tudo cheio de lixo espalhado no chão) havia recolha, porque pagavam a taxa de recolha etc. No outro lado do posto de controlo havia uma ribanceira e era aí que deitavam o lixo que, de tempos em tempos, tinha que ser queimado, devido ao volume. Porque para virem depositá-los no outro lado do posto de controlo, os soldados tinham que inspeccionar os sacos e isso eles não fariam, por isso o mais fácil mesmo é amontoar o lixo (era impressionante a quantidade de lixo e o cheiro, tive pena de não poder tirar uma fotografia, mas era na direcção do posto de controlo e isso estava fora de questão.)
Pusemo-nos a caminho de Abu Dis. Mais um bom bocado de caminho por terras desérticas e áridas. Passámos pelo famoso Monte das Oliveiras, Vimos ao longe o Mar Morto. Chegámos a Adu Dis, o cerco com os muros mais altos (deveriam ter a altura de 7 a 8 metros de altura mais um metro de arame farpado enrolado). Também aqui dividiram uma cidade ao meio, uns estão no lado Israelita e têm todas as regalias e outros estão do outro lado sem qualquer tipo de regalias, separaram famílias, que sem terem Visas válidos não se poderiam ver (não tiveram cuidado nenhum na divisão). Na opinião da Maya, ou tinham posto toda a cidade cercada ou nãao, porque pior do que estar cercado é separar famílias que algumas estão a apenas a alguns metros de distância, mas que não se podem ver. Enquanto me iam mostrando em redor do muro vimos um pequeno posto de controlo numa abertura muito pequena no muro. Explicaram-me que aquele era especial só poderia passar ali as pessoas que estivessem na lista, todas as outras não poderiam passar por ali.
Curioso de ver foi também que mesmo aqui dá para ver quem tem dinheiro tem privilégios. Junto ao muro (no lado livre), estavam vivendas luxuosas de palestinianos ricos, o muro contornava as suas casas. Estava tudo calmo e a correr na normalidade, decidiram ir para mais um posto de controlo, Vadinar.
Este posto de controlo ficava dentro dos territórios palestinianos ocupados. Era um posto e controlo de carros, com barricadas feitas com arame farpado. Rinna foi falar com o comandante, entretanto eu e a Maya estávamos a experimentar a câmara do seu novo telemóvel. Começamos a ouvir um cão pequenito a ladrar sem parar, olhámos e vimos que ele estava preso no arame farpado. Tinha uma guita ao pescoço a qual ficou presa no arame farpado sem crer ou alguém a lá prendeu, e o prórpio cão estava com uma das hastes do rame farpado cravados no corpo. Olhámos e vimos um palestiniano a olhar mas nada fez, os militares muitos menos, então decidimos tentar retirar o cão de lá. Primeiro tirámos a haste eu lhe estava cravada no corpo, depois como não conseguimos retirar a guita do arame farpado, tivemos que, com cuidado retirá-la pela cabeça do animal. Por fim o cãozito, de poucos meses, estava livre. Entretanto a Maya, durante a operação de salvamento tinha também ela cravado uma das hastes do arame farpado num dos dedos estava a sangrar, pegou num lenço e estancou o sangue e foi caminhando para perto do militar com quem a Rinna estava a falar. Eu seguia. Eles falavam em hebreu, não percebia nada mas quando o militar se virou para mim e me disse “Good day Sir, Where do you came from?” Espantado e olhar para ele (cinquentão, de óculos escuros Ryan Ban, metralhadora numa mão e charuto noutra, encostado a uma pequena coluna de cimento armado, que pertencia à barricada no meio da estrada, e aindaa por cima com um sorriso que não gostei muito de ver), retribuí os bons dias e respondi de onde vinha. Despedimo-nos rapidamente e começámos a ir em direcção ao carro, no caminho explicaram-me que ele não tinha ficado muito contente por eu estar ali, aquilo era uma zona militar, não tinha o direito de estar ali (pela primeira vez implicaram comigo, isto foi uma daquelas situações que sempre tinha pensado que me poderia acontecer, e aconteceu).
A ronda da manhã tinha terminado eram 9h30, Maya deixou-me a mime à Rinna, na paragem de autocarro. Entretanto tinha lhes contacto o que me tinha acontecido com o bilhete no dia anterior. Disseram-me para ir lá reclamar e caso não desse resultado dizer que iria fazer uma queixa por escrito. Maya era da opinião de que eles nem sequer quereriam saber sobre o caso. Como a Rinna ia para o mesmo lado, para Central Bus Station, seguimos no mesmo autocarro, uma paragem antes do Central Bus Station, disse-me para sair ir antes directamente aos escritórios da empresa apontou-me uma prédio com umas letras azuis e disse-me que era ali. Despedi-me e sai do autocarro. Entrei no edifício indicado, após mostrar a bolsa da câmara (esqueci-me de mencionar nas entradas anteriores, mas aqui não se entra em lado nenhum, nem cafés nem em lado nenhum sem que haja um segurança à porta, muitas das vezes armados, a revistarem os sacos). Entrei, era grande tinha vários balcões de atendimento, personalizado, zona de câmbio, etc. Bem pelo menos aqui está uma boa organização, até me deu algumas esperanças, olhei em volta mais uma vez e para não variar nem uma palavra em inglês, estava um individuo no meio a comandar as operações, aproximei-me e perguntei-lhe se falava inglês, disse-me que sim, perguntei-lhe onde me poderia dirigir para falar sobre a um bilhete que tinha comprado, e mostrei-lhe o bilhete, disse-me para tirar uma senha e esperar pela minha vez que era em frente. Tinha o número 11, ia no 5, passados 15 minutos ia no 6 toca o meu telemóvel, era Rinna, a perguntar se já tinha resolvido, disse-lhe que não que tinha tirado um ticket e estava à espera da minha vez. Ela disse-me que caso eles fossem indelicados comigo para lhes dizer que iria apresentar queixa e depois desligou. Mais 10 minutos e só mais um número, olhava para os guichés de atendimento só via os funcionários a funcionar com montes de papelada, pensei qu deveria ser do passo ou assim, como se pode demorar tanto tempo a atender 4 guichés e apenas 2 clientes atendidos. Olhava para o relógio, estava a ficar tarde, ainda tinha que ir comer alguma coisa e apanhar o autocarro que me levaria para o ponto de encontro da tarde com a Natanya às 14h00, mas como ficava bastante longe, queria dar uma hora de trajecto mais a espera do autocarro, era 12h10.
Levantei-me e dirige a um balcão mais ao lado, e perguntei à menina que lá estava se falava inglês disse-me que um pouco. Ok é um começo, mostro-lhe o bilhete e começo a explicar a história, quando ela me interrompe e diz-me não é ali. Ok, pensei eu, à espera que ela me dissesse em que guiché era e se demorava muito. Quando ela se vira para mim e me diz: “This is a Bank. Up, up, up.”Devo ter ficado com uma cara de parvo mas se encontrar-se o indivíduo que me mandou tirar a senha e me mandou esperar acho que lhe batia. Sai, cheguei ao pé do segurança e perguntei se falava inglês ele encolheu os ombros, bonito, olhei para ver se via algumas escadas, mas não via, mas se ela me tinha dito up, up, em princípio era no andar de cima, penava eu, mas como é que se vai para lá? Aproximei-me do segurança novamente, tirei o bilhete do bolso e mostrei-lhe apontando para ele. Então disse-me qualquer coisa em hebreu, mas pela posição dedos quando acenavam percebi onde era. A entrada era de lado, estava um pouco escondida, à entrada olhei e à minha frente estava um placar com a distribuição os departamentos pelos pisos, mas estava tudo em hebreu, estava quase para dizer uma daquelas palavras quando olho e vejo uma rapariga que estava sentada atrás dum balcão minorca, mas ela ou era baixa ou não sei, porque mal se via. Perguntei-lhe se falava inglês (não tinhas muitas esperanças), disse-me que sim, perguntei onde deveria ir para tratar de um problema sobre bilhetes. Sexto andar, respondeu, chamei o elevador e lá fui eu. Sai e olho à minha volta corredores com portas fechadas e com os placares em hebreu (a isto chama-se azar), lá vi um homem, perguntei-lhe onde poderia encontrar alguém e ele apontou para um corredor. Bati uma porta, abri e expliquei à senhora que lá estava o que se tinha passado, disse-me para ir ao quinto andar, virar no corredor e ao fundo, lá fui, vi uma porta aberta e perguntei se era ali que tratava do assunto, expliquei e passado um pouco, mandam-me ir ao departamento financeiro, 6 andar. Lá fui eu, andei às voltas ainda tentei ler as placas mas não vi nenhuma que se parecesse com financeiro. Ena uma porta aberta, espreito, uma mocinha estava numa secretária, pergunto se fala inglês, diz-me eu não (pensava que hoje em dia todos os jovens falavam, enganei-me), levanta-se e vai indicar-me alguém para falar comigo, o qual me diz onde é o famoso departamento financeiro, então não era o mesmo onde eu tinha estado no inicio, porque não me disseram logo? Mas o que interessa é que me deram o dinheiro todo do bilhete (por esta não esperava).
Às 13h10 estava a apanhar o autocarro na Yafo St. para o ponto de encontro pergunto ao motorista se fala inglês, diz-me que não abanando os ombros, indico no mapa para onde quero ir, nem ler sabem (incrivel) vira-se para trás e deve ter perguntado se alguém falava inglês, então um jovem perguntou para onde queria ir, indiquei-lhe e ele traduziu para o motorista. Ele disse-me que passava, pedi o bilhete, 5.70 NILs (ena que diferença…), e o rapaz disse-me que o motorista me dia quando era para sair. Sentei-me por detrás do motorista, para ele me ver bem (melhor só se fosse em cima dele… ? ) andámos, andámos, e eu a ver as horas a passar, eu bem tentava localizar-me no mapa onde me encontrava naquele momento mas não conseguia. Até que o motorista olha para mim e pôs as mãos na testa (vi logo, já passei a paragem), disse-me para sair e que “go, go go, to other”, logo percebi deu bronca, olhei para o relógio 13h54. Pensei pela primeira vez vou chegar atrasado, o que não me agradou. Estava uma rapariga na paragem e perguntei-lhe se falava inglês , disse-me um pouco, apontei no mapa onde queria ir, e pelas indicações ainda era um bom esticão. Pus-me a caminho em passo de corrida, subi, subi, até que cheguei ao sítio, 13h59. Às 14h04 estava a parar o carro da Natanya perto de mim. Apresentamo-nos e seguimos viagem, esta senhora, foi uma das que mais gostei de trabalhar, pela maneira ela falar fiquei desde o início completamente descontraído, lá expliquei a história habitual. Fomos ter com o outro membro que me foi apresentada como Phyllis Weissburg, uma americana neutralizada israelita. Após explicar o conceito geral da aplicação tive que por a aplicação a correr com o meu sim português para demonstrar como funcionava (funcionou tudo às mil maravilhas). Seguimos para a nossa ronda. Primeira paragem A-Ram, tudo muito calmo, seguimos. Durante a viagem pela estrada 60, vimos jipes militares e da polícia, parados num dos lados e no outro carros palestinianos, e parecemo-nos haver confusão. Parámos o carro e fomos ver o que se passava. Tinha sido os colonos que tinham atacados uns palestinianos eu estavam a apanhar azeitonas, agrediram-nos usaram spray para os olhos e roubaram azeitonas. Phyllis foi falar com a polícia para saber o que estavam a fazer para resolver a situação, eles disseram que tinham prendido 2 e toda a situação estava sobre controlo. Segundo a versão dos palestinianos, era mentira, tinham detido apenas um, e não o tinham algemado, como fariam se fossem eles a ser detidos e sentaram-no perto deles e que mais parecia uma conversa informal. Phyllis e Natanya fazem uns quantos telefonemas para falar com certas pessoas, entretanto chega um individuo de mota, e pára ao pé dos militares e vai falar com eles, tinha uma câmara fotográfica profissional às costas, tudo indicava que era um colono que estava ali a vigiar as nossas acções. Após alguns contactos seguimos viagem, não havia mais nada para ali fazer, fomos para ATAR, território palestiniano (aí contei o que se tinha passado de manhã e disse que se calhar seria melhor ficar no carro) deram-me um crachá da organização, disse-lhes que esta minha barba não dava para passar por uma mulher riram-se e disseram-me que a partir daquele momento era convidado delas (posso dizer que esta foi uma das minhas saídas mais agradáveis, a boa disposição reinou sempre entre todas, com certas situações bem engraçadas que não vou descrever aqui, porque senão nunca acabava).
Paramos o jipe da Phyllis antes da rampa eu antecedia o posto de controlo. Subimos a pé, coloquei o crachá e segui. Estavam lá 4 militares com camuflagem, foi a primeira vez que tinha visto. E Começaram a olhar para nós contactaram a torre que se situava ao lado. Elas quiseram ir contar os carros que estavam do outro lado, e disseram-me para ficar ali. Aquilo estava a nadar muito, mas muito devagar. Quando chegaram disseram-me que estavam perto de 50 carros, para li são imensos, entretanto a Phyllis verifica que lá em baixo ao lado do seu jipe está um jipe militar. Pensamos logo que haveria problemas. O jipe militar subiu, virou e parou junto de nós (não gostei muito, ainda por cima depois do que se tinha passado de manhã). Disseram à Phyllis que o carro estava a transtornar o trânsito. Qual trânsito? Para já ele estava fora da estrada, e ela argumentou isso, e depois, daquele lado passava um carro de quando em quando. Dentro do jipe estavam 4 militares, de vez em quando olhavam para mim (não estava a gostar da situação) e olhavam para o crachá (acho que desta vez aquilo me salvou…).~
A Phyllis perguntou-lhe então onde poderia estacionar, ao qual o oficial respondeu: “Vá estacionar numa localidade árabe que os seus amigos gostarão de vos ver” (aqui está uma resposta que caso ele não fosse militar e eu não estivesse ali como estrangeiro, acho que lhe dava um bom par de muros naquela cara. Isto demonstra como eles são). E quando vínhamos embora ainda disse, “vá vão tirar a porcaria do carro dali que é melhor…” (sem comentários…).
Seguimos para Kalandia. Os portões estavam fechados, estavam lá cerca de 300 pessoas para passar, não sei se foi pela nossa presença ou não, os portões abriram, mas mesmo assim o movimento estava muito lento. Decidiram ver quanto tempo se estava a demorar para passar o posto de controlo. Lá fomos para dentro daqueles corredores de grades e arame farpado. Chegou a nossa vez de passar, como já tinha passado em Bethlehem, tirei o telemóvel e a carteira, pus dentro da mochila da Phyllis, e o cinto passo pela máquina. Mostrei o meu passaporte, abri-o na fotografia e segui, ouvia o soldado pouco tempo depois aos gritos pelo microfone a falar hebreu, mas não percebi o que dizia foi então que a Natanya, disse-me que ele queria ver o meu visa, lá voltei a trás e mostrei-lho. Quando a Phyllis passou começou a insultar o soldado, dizeno-lho que ele era um autêntico malcriado, porque eu era estrangeiro, não tinha o direito de me ter tratado assim, segundo pôr-se aos gritos em hebreu quando sabia perfeitamente que eu não percebia. O soldado perguntou-lhe porque eu não percebia hebreu (porque nunca aprendi, certo?), foi então que a Phyllis catalogou-o de burro, disse-lhe que eu era português, isto é se sabia onde ficava Portugal, que a língua que se fala em Portugal é o português não o hebreu (será que ele não sabia?). Demoramos 25 minutos para atravessar o posto de controlo.
Chegados ao lado de cá vieram ter connosco três mulheres, uma delas estava em trabalho de parto, teria que ir para o hospital imediatamente, não poderia ficar ali nas filas, se chamasse uma ambulância do lado palestiniano, não pararia no posto de controlo mas custava 600 NILs (120 euros). Natanya telefonou para o oficial do posto a reportar a situação, ela pode passar de imediato.
Vieram ter três indivíduos que não os deixaram passar, porque não tinham o s cartões azuis (têm que ser renovados de 2 em 2 anos). Os militares tinham ficado com eles e não sabiam onde eles se encontravam Após vários telefonemas para, esquadras de polícias, outros membros da organização, conselheiros, chegou-se à conclusão que não haveria solução os militares tinham perdido os cartões só lhes restava tirar outros. Mas hoje não poderiam passar, teriam que se arranjar por ali. Mas eles não tinham dinheiro, foi então que a Phyllis pegou em 100 NILs e deu a um deles, para aquela noite.
Para terminar um casal com dois filhos veio reclamar, porque um dos filhos vinha dentro de um carro de bebes, e nesses casos existe um portão especial para eles passarem ou para pessoas em cadeiras de rodas. Pediram à soldada o favor de lhe abrir o portão para poderem passar com o carro e ela mandou achatá-los e disse-lhes que se desenrascassem. O pior é que ela estava a comer durante a hora que deveria estar ao serviço e a gozar com a situação. Tiveram que desmanchar to carro todo e mesmo assim não foi fácil passar pelo portões rotativos. O homem ao ver que a Phyllis falava comigo em inglês, virou-se para mim disse-me em inglês: “os palestinianos querem a paz, os israelitas querem a paz, mas os militares não, só querem humilhar e matar…” (e tenho que concordar que pelo que vi, também fico com a impressão que a humilhação realmente faz parte de cada soldado).
Tinha terminado a ronda eram 18h30. Phyllis mora em Tel Aviv e seguiu viagem deixou-me a mim e a Natanya, que me convidou para comer uma especialidade de Israel, para ver que nem tudo era mau. Fomos comer KNAFFE e beber um café turco. Ok. Knaffe é bom, mas mesmo muito bom (para ser comido quente, queijo, com uma espécie de cenoura doce e pistacho ralado por cima), já o mesmo não posso dizer do café turco, amargado, amargo, grrrrr.
Assim termina a minha estadia aqui em Jerusalem amanhã sigo viagem paara Tel Aviv para me encontrar com a Merav.



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